Frete Grátis: Região Sudeste em pedidos acima de R$250,00

Zé Roberto

6 de julho de 1974

São Paulo, SP

1994

Futebol

Biografia

“Se o atleta se cuida e tem essa mentalidade que o corpo é seu instrumento de trabalho, ele é capaz de sonhar e jogar até a idade que ele acha que pode atingir o seu máximo.”

José Roberto da Silva Júnior, mais conhecido como Zé Roberto, nasceu e cresceu na Zona Leste de São Paulo, e como a maioria das crianças no Brasil, sempre teve o sonho em ser tornar jogador profissional de futebol. Um sonho que teve um início difícil.

“Vim de uma família muito pobre, minha mãe tinha que trabalhar em dois empregos e meu pai, na minha pré-adolescência, acabou saindo de casa. Então, eu com meus cinco irmãos, sobrevivíamos com o sustento de um salário-mínimo que minha mãe trazia. E eu, no meio de toda a dificuldade, era um sonhador. E todo sonhador, no início, antes de concretizar o seu sonho, terá dificuldades.”

Sua primeira dificuldade começou logo cedo. Para chegar na escolinha de futebol Pequeninos do Jockey, o atleta precisava pegar dois ônibus, depois o metrô e mais um ônibus. O percurso demorava cerca de duas horas. Ele saía da Zona Leste para ir até o Jardim Colombo, perto do Morumbi. Isso quando ele tinha dinheiro para pegar a condução.

Um começo sem referência dentro de casa. Sem dinheiro para pagar o transporte. Sem chuteira para jogar. Em alguns momentos, sem dinheiro para comprar mistura. Na cabeça do futebolista, diversas vezes tinha o pensamento em desistir do futebol e começar a trabalhar para ajudar em casa.

Mas uma pessoa em especial não deixava isso acontecer. Sua mãe, que era sua maior incentivadora, apostou todas as fichas no atleta. Foi ela quem o ajudou a passar por todos os processos de superação e direcioná-lo em busca das realizações dos seus sonhos. O primeiro deles, era entrar na Portuguesa de Desportos, seu time de infância.

“Minha chegada na Portuguesa foi muito pela insistência da minha mãe. Ela trabalhava em dois empregos, e quando ela saiu de um, no meio do caminho, passava pelo Terminal Rodoviário do Tietê. Ela foi até o Canindé e perguntou quando seria a peneira do sub-15 e me inscreveu.”

A primeira peneira não deu certo. Mas muito por conta da falta de oportunidade do treinador. A mãe do Zé foi questioná-lo e ganhou mais uma chance para o seu filho.

“Eu estava indo para o ponto de ônibus, fui conversar com a minha mãe e ela não estava ao meu lado. Quando olhei para trás, ela estava com outras mães, questionando o treinador. Lembro que na época eu escutava: ‘não foi justo o que vocês fizeram, viram os meus meninos só 10 minutos e nesse tempo não dá para nada’. O treinador anotou o meu nome e pediu para voltar depois de três meses. Participei de uma seletiva menor, tive mais tempo, o treinador me analisou de uma forma melhor e consegui entrar.”

Em 1994, com 19 anos, Zé Roberto subiu para o profissional da Portuguesa, tendo a oportunidade de jogar ao lado do seu grande ídolo, o Denner. Dois anos mais tarde, ele seria um dos destaques da Lusa no Campeonato Brasileiro, chegando na final contra o Grêmio e, apesar da derrota, foi eleito o melhor lateral-esquerdo do torneio pela Bola de Prata, despertando o interesse de grandes clubes da Europa.

Aos 23 anos, recebeu uma proposta da Espanha. Era o Real Madrid batendo na sua porta. Zé se transferiu e foi jogar em um dos grandes times europeus, ao lado de jogadores como Roberto Carlos, Raúl, Seedorf e Morientes. Uma experiência que mudou o olhar do atleta com o futebol.

“Quando eu cheguei no clube e entrei no centro de treinamento, só tinha carrão. Aí entrei no vestiário, os jogadores estavam chegando, e todo mundo de terno, bem alinhado, perfume diferente. E aquilo já me impactou. Olhei para o Roberto Carlos e falei: ‘nossa, os caras vêm para o treino assim?’ Ele falou: ‘é, Zé, aqui os caras não são só jogadores de futebol. São atletas profissionais. A partir de amanhã você vai precisar mudar sua veste e, principalmente, sua mentalidade. Aqui o negócio é diferente’.” Foi nessa primeira passagem pela Europa que o jogador entendeu que o futebol é a sua profissão e que ele tinha que estar sempre 100% focado. “Eu deixei de ser apenas um jogador de futebol e me tornei um atleta profissional.” Como em todas as mudanças na vida, Zé teve que se adaptar em diversos aspectos: cultura de um outro país, treinamento, jogos. E, além disso, tinha a concorrência no grupo. Ele não estava tendo espaço em um período muito importante na sua carreira, pois em 1998 seria disputada a Copa do Mundo da França. Por isso, foi emprestado ao Flamengo, para ter mais visibilidade e alcançar seu grande objetivo: a convocação.

“Meu sonho era disputar uma Copa do Mundo e eu poderia ter problemas, porque eu não estava jogando de titular. E a safra da Seleção Brasileira na época era muito boa. Na minha posição, só tinha jogador de primeiro nível. E para eu estar na Copa, tinha que estar jogando. Então, conversei com meu empresário, optamos por voltar ao Brasil e deu certo. Fui convocado para a Seleção.”

Após voltar da Copa do Mundo para o Real Madrid com o vice-campeonato, Zé Roberto foi vendido para o Bayern Leverkusen. Com isso, o jogador teve que passar novamente por todo o processo de adaptação. Um novo país. Um novo jeito de jogar. Mas dessa vez, isso não foi um problema para ele.

“Desde o primeiro momento, o clube me deu todo o suporte e acelerou o meu processo de adaptação. Foi por isso que eu consegui me manter tanto tempo no país, foram 12 anos, onde joguei quatro anos pelo Bayern Leverkusen, seis anos pelo de Bayern de Munique e dois pelo Hamburgo.”

Foi na Alemanha que o Zé cresceu ainda mais profissionalmente e pessoalmente. E ele conta o motivo desta evolução.

“A Alemanha me deu uma base muito positiva em todas as áreas da minha vida. Como profissional, eu comecei a entender como eu tinha que colocar sobre a minha carreira a disciplina. Os alemães são um povo muito disciplinado. Desde a pontualidade no treino, intensidade no treino, peso corporal. Isso me ajudou muito na questão de crescer como profissional. Isso me fez entender que o meu corpo era meu instrumento de trabalho. Aí eu passei a cuidar dele.”

Diante desse momento incrível, um dos melhores da sua carreira, Zé estava ansioso por mais uma Copa do Mundo. Com 28 anos, ele já era um jogador rodado, experiente e consagrado. Porém, foi aí que veio a maior frustração na sua vida como futebolista.

“A maior frustração da minha carreira com certeza foi não ter ido para a Copa de 2002. Eu estava vivendo o meu melhor momento na carreira. Foi o ano que o Leverkusen foi para a final da Champions League, foi para a final da Copa da Alemanha e por um ponto não vencemos a Bundesliga. E foi o ano que o Bayern de Munique também me comprou. Não ter feito parte do grupo, não diria nem jogar, ser titular, pois na seleção tinham grandes jogadores, mas não ser chamado foi realmente uma grande frustação.”

Naquele ano, o Brasil se tornaria pentacampeão mundial. Mas isso não abalou a mente do atleta. Após as férias, agora no Bayern de Munique, Zé voltou ainda mais focado e mirou a Copa do Mundo de 2006. Em sua trajetória até a Copa, o lateral-esquerdo conquistou o Campeonato Alemão, a Copa da Alemanha e a Copa da Liga Alemã, além dos títulos individuais. Conquistas que o consolidou como um dos melhores da posição, carimbando a sua convocação para mais uma Copa do Mundo, e dando a volta por cima.

“Em 2006, nós tínhamos os melhores, juntar uma geração igual àquela vai ser difícil de novo. Eu estava no meio dos melhores. Para mim, as seleções de 1982 e de 2006 foram as duas com mais craques reunidos. E não ter ganho a Copa com aquele time foi frustrante também. Era um timaço. Foi algo que se a gente fosse apostar de novo qual seria a seleção que seria campeã da Copa de 2006, com certeza apontaríamos para a brasileira. Mas vencer só com nome, não basta. Então, faltou alguma coisa para ganharmos.”

Apesar de não ter alcançado o título, que era seu maior objetivo, Zé Roberto ganhou o prêmio de melhor jogador da partida em dois jogos: contra a Gana e contra a Austrália. E isso o colocou entre os 23 melhores jogadores daquela edição do torneio.

Em 2007, o retorno ao Brasil. A pedido do professor Vanderlei Luxemburgo, o então lateral-esquerdo foi emprestado ao Santos. Quando chegou na Vila Belmiro, o técnico o chamou para uma conversa.

“Quando eu cheguei, ele me chamou na sala dele e falou: Zé, você vai jogar em uma posição que talvez nunca tenha jogado na sua carreira. Aí eu falei: ‘quem eu vou ter que marcar?’ Ele disse: ‘meu filho, você não vai precisar marcar ninguém. Sabe por quê? Por causa dessa camisa aqui.’ E me deu a 10 do Rei Pelé. Ele me deu liberdade para jogar na frente e fazer meu jogo. E isso funcionou muito. Fomos bicampeões paulistas. Fomos até a semifinal da Libertadores. E eu me destaquei em todas as competições. E isso me rendeu um contrato de dois anos com o Hamburgo, que eu não tinha conseguido antes no Bayern de Munique.”

Sua caminhada na Alemanha terminou no Hamburgo, após uma grande temporada pelo Santos. Ao final do contrato, recebeu uma proposta do Catar e foi para o Al-Gharafa. Uma experiência diferente, mas muito importante na sua carreira, pois conseguiu ficar mais tempo ao lado da família.

“Foi um desafio muito grande, porque eu já vinha há muitos anos jogando em alto nível. Com muita intensidade. E quando eu cheguei no Catar eu senti uma diferença muito grande em nível técnico, profissionalismo e mentalidade. Foi um choque. Mas o que foi muito positivo é que eu tinha muito mais tempo para estar em casa e ficar mais próximo da minha família. O que eu não conseguia no Brasil e nem na Alemanha, por conta da rotina de jogos e treino.”

Quando todos achavam que a aposentadoria estava batendo na porta do Zé, ele surpreendeu a todos e assinou com o Grêmio, retornando mais uma vez ao Brasil.

“O Felipão me chamou e pediu: ‘Zé, sei que faz tempo que você não joga nessa posição, mas vamos ver como vai se sair.’ No fim do treino ele me chamou e falou: ‘é, a lateral para você é como se fosse andar de bicicleta. Não esquece nunca.’ Com 39 anos, eu joguei de lateral, o Grêmio conseguiu uma vaga para Libertadores e eu ganhei a Bola de Prata. Melhor jogador da minha posição.” <\br><\br> Contrariando as estatísticas e provando para muitas pessoas que falaram que a sua carreira estava chegando ao fim, Zé Roberto mostrou que a idade é somente um número. Com seu contrato terminando no time gaúcho, o lateral-esquerdo recebeu uma ligação do Palmeiras, que apresentou um projeto inovador, onde ele seria um dos líderes dessa nova fase do Verdão.

“Falei para mim mesmo: o Palmeiras vai ser o clube que eu vou encerrar a minha carreira. E eu vou para entrar na história do clube. Aí eu comecei a estudar a história do clube e comecei a entender o quanto o Palmeiras é gigante.”

Dito e feito. Com 42 anos, Zé Roberto ganhou a Copa do Brasil como capitão do time alviverde e participou da conquista do Campeonato Brasileiro, após 22 anos que o Palmeiras não levantava a taça. Dois títulos que ficaram marcados na sua carreira. Mas apesar de ganhar estes dois títulos pelo clube, foi seu discurso na sua primeira partida que ficou na memória dos torcedores.

“Quando eu encontro um palmeirense, a maioria não lembra dos títulos que eu conquistei. Lembra da frase que eu falei antes do primeiro jogo: ‘Bate no peito e fala que o Palmeiras é grande’. Hoje eu posso dizer, com toda propriedade, que faço parte de um tijolo desse pódio que o Palmeiras está agora.”

Aos 43 anos, se despediu do futebol, sendo considerado um dos jogadores mais amados e respeitados no mundo da bola. Um grande exemplo de dedicação ao esporte e amor à camisa. Um grande exemplo de que jogadores podem seguir carreira em alto nível após os 40 anos.

“Por eu ter encerrado minha carreira com 43 anos, em alto nível, em uma posição que exige muito mais do atleta e sendo campeão, eu acho que isso possibilitou sim jogadores com a idade próxima dos 40 anos ainda terem mercado no Brasil. No sentido de que se o cara se cuida e estiver entregando resultado, ele pode continuar sonhando, com toda certeza.”

E quais são os próximos planos do Zé após a aposentadoria? Depois que parou de jogar bola, o atleta está ainda mais focado nos treinos, sendo até convidado para participar de uma competição de fisiculturismo.

“Fui até convidado para subir nos palcos! Estou pensando, tenho feito meus treinos, um grupo que cuida de competições voltadas para o fisiculturismo entrou em contato comigo e falaram que eu estou muito bem fisicamente e me fizeram o convite para participar de uma competição nos Estados Unidos, o Men's Physique, na minha categoria. Quem sabe, né? Preparado eu já estou!”

Um ídolo de muitos no esporte e na vida. Que teve um início muito difícil, batalhou e alcançou seus objetivos. Uma pessoa que inspira e com um legado que será eterno. Um legado construído em cima de cinco pilares: planejamento, foco, disciplina, trabalho em equipe e liderança. E, para finalizar, o Zé deixa uma dica aos sonhadores.

“Eu procuro sempre falar que a pessoa precisa renunciar, ter foco e continuar sonhando. São três coisas básicas, mas acho importante para quem quer alcançar grandes coisas na vida. Não somente no futebol, mas em qualquer área que a pessoa atue.”

Curiosidades

  1. Gosto de música
  2. Adoro pedalar
  3. Sou hiperativo
  4. Sou paciente
  5. Sou exigente
  • 1996/1997

    Campeão do Campeonato Espanhol

    Real Madrid

  • 1997

    Campeão da Supercopa da Espanha

    Real Madrid

  • 1997

    Campeão da Copa das Confederações e Campeão da Copa América

    Seleção Brasileira

  • 1998

    Vice-Campeão da Copa do Mundo

    Seleção Brasileira

  • 1999

    Campeão da Copa América

    Seleção Brasileira

  • 2002/2003

    Campeão do Campeonato Alemão (Bundesliga) e Campeão da Copa da Alemanha

    Bayern de Munique

  • 2003/2004

    Campeão da Copa da Liga Alemã

    Bayern de Munique

  • 2004/2005

    Campeão do Campeonato Alemão (Bundesliga) e Campeão da Copa da Alemanha

    Bayern de Munique

  • 2005/2006

    Campeão do Campeonato Alemão (Bundesliga)

    Bayern de Munique

  • 2006

    Seleção da Copa do Mundo da FIFA

  • 2006/2007

    Campeão da Copa da Liga Alemã

    Bayern de Munique

  • 2007/2008

    Campeão da Copa da Liga Alemã

    Bayern de Munique

  • 2007

    Campeão Paulista

    Santos

  • 2012

    Bola de Prata

  • 2014

    Bola de Prata

  • 2015

    Campeão da Copa do Brasil

    Palmeiras

  • 2016

    Campeão Brasileiro

    Palmeiras

Suplementos favoritos