Aos 5 anos de idade, quando o pai construiu uma casa de bonecas no quintal, ela escolheu escalar o telhadinho rosa, ao invés de ficar brincando de mamãe e filhinha lá dentro. Só saía arrastada e ainda assim, muito contrariada.
Pouco mais de duas décadas depois, Karina estava no Nepal, pisando no topo da montanha mais alta do mundo, o Monte Everest. Feito que repetiu em 2017, só que pelo lado chinês. Em 2019, conquistou o cume do K2, o segundo maior pico do planeta – um dos mais técnicos e perigosos, temido e respeitado pela comunidade mundial de escaladores.
Para muita gente, isso já bastaria como metas de vida.
Com essas marcas no currículo, não haveria mais caminhos tão desafiadores pela frente.
Mas não.
Karina quer mais. Na verdade, ela sempre quis mais.
E não para alcançar recordes, reconhecimento, fama, nem mesmo fazer história.
Karina precisa de mais porque é isso o que a mantém viva.
A curiosidade de ver o mundo com seus próprios olhos. De entender a humanidade em todas suas nuances e possibilidades. Esses são seus combustíveis. É isso o que a mantém feliz, pulsante, realizada.
Por isso, só o esporte (na verdade, multi-esportes, pois são mais de 20 modalidades praticadas), não foi suficiente pra ela. Assim, se formou em medicina, se especializando em resgates em áreas remotas. Também se tornou voluntária e ativista, participando de projetos humanitários pelo mundo, da África à América do Sul, das ilhas do Pacífico à Antártica.
Por isso, Karina continuou – e sempre continua – buscando. Incansável.
E o que exatamente ela vê e sente, seja cuidando de um paciente, seja visitando uma cultura isolada ou do alto da maior montanha do planeta – ou de cima do telhado de uma casinha de bonecas ,– isso ninguém sabe ao certo. Só ela saberia dizer. Mas talvez não sejam coisas que as palavras possam explicar.
Só algo muito maravilhoso poderia fazê-la voltar e voltar. E continuar voltando, tantas outras vezes, como ela tem feito durante toda sua vida.
2000
Bicampeã brasileira de Wakebord
2010
Terminou sua especialização em Wilderness Medicine
2013
Chegou ao topo do Everest pela face sul
2016
Co-fundou o instituto Dharma de ações socioambientais
2017
Chegou ao topo do Everest pela face norte
2019
Subiu a montanha K2